quarta-feira, 2 de junho de 2010

Histórias e Lendas



As Artes Marciais estão imbuídas desde os seus primórdios e tempos antigos, por uma certa Mística e é isso que na maior parte das vezes atrai novos praticantes, de gerações em gerações.
É essa precisamente a parte mais bela da sua faceta, que as tornarão certamente imortais, pese embora toda a descaracterização desportiva dos tempos modernos, quer seja no Karate-Do, quer noutras disciplinas marciais (até o Aikido já possui competição... pasme-se).
Muitas são as histórias e lendas sobre os Mestres Antigos. Algumas são do conhecimento generalizado dos praticantes, outras nem tanto. Umas serão verídicas, outras pertencerão às Lendas.
Do Mestre Gichin Funakoshi, fundador do Shotokan, sabe-se que terá resistido a um forte tufão na ilha de Okinawa agarrado a um pinheiro (shoto em japonês). Daí a sua alcunha, que deu o nome ao próprio estilo que criou. Encontra-se narrado na sua Autobiografia "Karate-Do, A Minha Vida", que escreveu em fim de vida.
Do Mestre Gogen Yamaguchi, diz-se que terá morto um tigre, quando da sua estadia na Manchúria e no cumprimento do serviço militar como oficial, devido à ocupação japonesa daquela província chinesa, durante a Segunda Guerra Mundial.
O seu discípulo mais famoso, o Mestre Masutatsu Oyama, criador do Kyokunshikai, era famoso por matar touros em hastes finas nas arenas, com um simples gyaku-tsuki entre os cornos. Aqui, não se trata de nenhuma Lenda, pois existem registos gravados em vídeo, inclusivé no Youtube.
Curiosamente do fundador do Goju-Ryu, Mestre Chojun Miyagi, não consta qualquer feito do género. Era tido como uma pessoa pacata, educada e polida, que cultivava a Força Interior em detrimento do uso da força. Um dos seus lemas era "vence-se uma luta quando se a evita".
Em Portugal, não pensem que também não houve deste tipo de histórias verídicas.
Os Mestres Japoneses que leccionavam na Escola de Budo em Sapadores, criada pelo Mestre Mitsuharu Tsuchiya em 1975, entretinham-se a visitar os bares do Cais do Sodré à noite, quando se encontravam atracados os barcos de guerra americanos, onde eram frequentados pelos respectivos marinheiros de passagem por Portugal e, onde eram presenteados por um autêntico "arraial de porrada", passe a expressão. O objectivo, segundo consta, era para testarem a eficácia das suas respectivas Artes. Consta que o Mestre de Aikido que alí leccionava à época, estava a levar um "enxerto" quando do seu "teste" e teve que ter o pronto auxílio do Mestre Tsuchiya e dos outros Mestres.
Outro episódio terá ocorrido, quando o Mestre Tsuchiya, sabendo das fanfarronices do Mestre Ruy de Mendonça, já falecido, terá irrompido pelo seu Dojo adentro (penso que na Calçada de Carriche), desafiando-o para um combate até à morte. A sua frase, com sotaque japonês, ficou célebre: "Não problema. Um morrer. Amanhã ser um novo dia". O desfecho já se sabe qual foi. O "Mestre" Mendonça terá declinado tão honroso convite.
Um outro episódio terá ocorrido quando o Mestre Jaime Sequeira Pereira terá querido visitar o Mestre Katsumune Nagai na Escola de Budo, por volta de 1976. Quando alí se dirigiu, solicitou que o Mestre Nagai o recebesse ao, na altura, cinto amarelo, José Santana, que transmitiu o recado ao Mestre Nagai. A resposta foi um nipónico e frio "Não". "Não conhecer".
São só algumas das histórias que já fazem parte e outras que ficarão para a "História das Artes Marciais".

Eduardo Lopes

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